Vivemos tempos de mudanças, em uma
velocidade nunca antes vista: empresas, valores, países, costumes e tendências
mudam quase instantaneamente e não é raro - ainda que involuntário -
enxergarmos essas mudanças como ameaças ao nosso modo de vida, inclusive porque
muitas delas realmente o são.
Ao mesmo
tempo em que essas mudanças incomodam e, de certo modo, causam uma certa
rejeição justamente por representarem a necessidade de mudança, exigindo
esforço para que nos enquadremos e nos acostumemos, a preocupação de não se
adequar a uma nova forma de agir e ficar obsoleto tira o sono de muitos
empresários.
Em um
mercado dinâmico e extremamente interligado com outras áreas, como o de seguros,
os impactos dessas novidades se potencializam. Não é preciso grande exercício
de imaginação para compreender os efeitos das novas relações que envolvem a
constante evolução tecnológica: o novo tipo de transporte utilizado nas grandes
cidades, fruto do uso de aplicativos de carona, tem ligação direta com a venda
e uso do seguro de automóveis, já que não é raro encontrar quem, fazendo contas
dos custos e benefícios, opte por deixar de ter veículo próprio e se valer
apenas deste novo meio de locomoção. Menos veículos pessoais, menos apólice,
menos comissão, menos prêmios e praticamente nenhuma arrecadação.
Buscando
se adequar a essa nova realidade, o mercado de seguros tem esboçado reação, mas
parece ainda sofrer com o peso da burocratização e do conservadorismo de todos
os seus personagens.
Ao
contratar um seguro de automóvel, por exemplo, é necessário preencher uma série
de perguntas sobre o uso do veículo, o que exige do consumidor um tempo que ele
não mais possui e que não se adequa ao ritmo dinâmico do mercado de serviços
gerais. O preenchimento de questionários de perfil, nesse cenário, joga contra
o próprio mercado.
Se não
bastasse, lidamos com uma legislação protecionista, que defende o consumidor em
macro-escala e chega ao extremo, por vezes, de permitir que parte das respostas
do segurado no questionário de perfil seja desconsiderada como fator de
avaliação do pagamento de eventuais indenizações.
É evidente
que precisamos nos adaptar.
Em tempos
de incontestável evolução tecnológica em todas as frentes, com celulares
inteligentes, computadores de bordo e compartilhamento de dados, as informações
coletadas dos aparelhos dos segurados têm capacidade de avaliação e
precificação de riscos infinitamente maior e mais precisa do que qualquer questionário
de perfil.
Por meio
de compartilhamento de localização já é possível identificar em qual
período o segurado se utiliza do veículo, onde o estaciona, suas rotas
habituais e até mesmo calcular o limite de velocidade que costuma praticar.
Esses dados, analisados em conjunto, permitem contabilizar os riscos a que se
expõe o segurado e a sua forma de utilização do automóvel, o que gera uma
avaliação mais segura acerca de suas necessidades ao contratar um seguro para
seu veículo.
O conjunto
dessas informações é certamente mais valioso do que quaisquer respostas a
perguntas padronizadas e organizadas em um questionário estático, que
representa o risco apenas do momento do preenchimento e que não garante a
precisão dos dados fornecidos.
Não se ignora
que muitos irão criticar as novas formas de se pensar no mercado de seguros,
reconhecido por seu conservadorismo. Todavia, sempre há quem se disponha e
enxergar novos caminhos e são esses que irão compor a discussão, tornando-a
mais concreta e eficaz e dando início às mudanças que acompanharão o dinamismo
da era tecnológica. Só assim é que se viabilizará a manutenção da área e o seu
crescimento nesse novo cenário, mediante a distribuição do produto seguro e
consequente aumento do número de segurados, apólices e prêmios, bem como
diminuição das taxas, já que quanto mais pessoas seguradas, menor a
contribuição de cada uma delas.
A
capacidade de adaptação é uma das marcas de quem sobrevive na era das relações
dinâmicas e somente o bom uso da tecnologia em nosso favor poderá permitir a
manutenção do mercado de seguros que conhecemos: sólido e estável. É isso que
propomos.
Obs.: Este texto contou com a grande ajuda e impecável qualidade de redação da Dra. Marcely Ferreira, muito obrigado Dra. Marcely!
Obs.: Este texto contou com a grande ajuda e impecável qualidade de redação da Dra. Marcely Ferreira, muito obrigado Dra. Marcely!